Arrastados pelo pessimismo, pela incerteza, pelo desconhecido, mergulhamos muitas vezes num profundo cansaço....
Ilustrando esse cansaço face à vida e à realidade que se vive (também vivido pelo poeta), aqui vos deixo este belo poema de Álvaro de Campos
O que há em mim é sobretudo cansaço –
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada –
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas –
Essas e o que falta nelas eternamente –;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah! com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Bonito poema, no entanto ainda não estou rendido à poesia.
ResponderEliminarContinua a colocar, pode ser que me convertas.
Seria bom colocar mais qualquer imagem com o poema.
Alface
Podia ser, mas aqui acho que a imagem não valeria por mil palavras...o poema é intenso e as palavras traduzem isso mesmo. Vai ter uma imagem num próxima publicação, prometo!Depois pode construir o poema... um desafio, não acha?
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