terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sei de um rio...

       Séqua/Gilão

Em Tavira existe um rio que tem dois nomes, de um lado da ponte chama-se Rio Gilão e do outro lado da ponte chama-se Rio Séqua. Segundo a avó de uma amiga minha, que é de Tavira, existe uma lenda que explica este facto. Essa lenda conta a história do reino do Algarve, na altura da ocupação muçulmana, em que existia um rei mouro em Tavira cuja filha se chamava Séqua. Esta lenda coincide com a altura da conquista cristã do reino do Algarve e, entre o exército militar cristão, estava um cavaleiro que se chamava Gilão. O que aconteceu foi que quando o cavaleiro Gilão conheceu a princesa Séqua apaixonaram-se… apaixonaram-se perdidamente, mas viviam um amor proibido, porque cada um pertencia a mundos culturais diferentes e, neste caso, a facções militares opostas. Então, o cavaleiro Gilão e a princesa Séqua todas as madrugadas se encontravam em cima da ponte que une as duas margens do rio de Tavira, mas houve alguém de uma das facções que descobriu… e ao descobrir este amor secreto avisou a outra facção. Numa das madrugadas, o cavaleiro Gilão e a princesa Séqua encontravam-se mais uma vez secretamente em cima da ponte quando foram surpreendidos por ambas as facções, numa das margens do rio, a facção militar cristã e, na outra margem do rio, a facção militar moura. O cavaleiro e a princesa ficaram aterrorizados ao serem descobertos, porque sabiam que iam ser acusados de traição (o que provavelmente os iria levar à morte), então suicidaram-se, a princesa Séqua atirou-se para um dos lados da ponte e o cavaleiro Gilão atirou-se para o outro lado da ponte, caindo os dois ao rio. E, segundo a lenda, é este o facto que explica que de um dos lados da ponte o rio de Tavira se chame Rio Séqua e do outro lado da ponte o Rio de Tavira se chame Rio Gilão. (clique sobre o texto)




Sei de um rio...
Sei de um rio…
Sei de um rio
Em que as únicas estrelas
Nele, sempre debruçadas
São as luzes da cidade                                  

Sei de um rio…
Sei de um rio
Rio onde a própria mentira
Tem o sabor da verdade
Sei de um rio

Meu amor, dá-me os teus lábios!
Dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede!
Mas o sonho continua…
E a minha boca (até quando?)
Ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
"- Sei de um rio…
Sei de um rio…"
Sei de um rio…
Ai!
Até quando?
 

            Camané 
(do album Sempre de mim)

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